terça-feira, 13 de setembro de 2016

Sete anos sem o tema da vitória



Salve Salve Nerds!



Treze de setembro de 2009, um domingo comum, mas que ainda hoje marca o automobilismo brasileiro na Fórmula 1. Este foi o dia da última vitória do país na categoria, com o triunfo de Rubens Barrichello no GP de Monza. Rubinho largou em quinto nessa prova e terminou em primeiro, dando a vitória de número 101 ao país na F1, a décima primeira dele. No pódio, estavam com ele o companheiro de Brawn GP Jenson Button e Kimi Raikkonen, na primeira passagem do piloto pela Ferrari.

Veja o final de prova, aos 6 minutos, a última vez que ouvimos o tema da vitória ao vivo:



Button era o líder da temporada com 80 pontos e terminou campeão, enquanto Rubinho era o segundo com 66 pontos e terminou em terceiro, sendo passado na tabela por Sebastian Vettel, então na Red Bull. Esta foi a última vitória brasileira na Fórmula 1.

A última sambadinha de Rubens no pódio - Foto: Gazetapress


Saindo um pouco da Fórmula 1, vamos recordar como estava o mundo e o esporte no ano de 2009. Naquele ano, Barack Obama assumia como presidente dos Estados Unidos. Como sabemos, esse ano ele deixa a presidência depois de dois mandatos. No dia 25 de junho, Michael Jackson viria a morrer, uma morte até hoje controversa e cheia de especulações sobre o rei do pop.

Foto: U.S Navy by Petty Officer 1st Class Leah Stiles
Ainda pelo mundo, houve a pandemia da chamada Gripe Suína, ou Gripe A, que se iniciou em uma mutação do vírus de um tipo de gripe de suínos que foi transmitida para humanos no México. O vírus se espalhou pelo mundo, causando mais pânico do que mortes em si, já que 18 mil pessoas vieram a óbito por causa da gripe A. No Brasil, muitas escolas e instituições chegaram a fechar, principalmente na região sul, com medo de transmissões da doença. O álcool em gel se tornou item quase obrigatório em estabelecimentos, para evitar o contágio da gripe.

Houve, inclusive, o famoso "jogo das máscaras" entre Santos e Coritiba, em Cascavel, onde os torcedores foram obrigados a usarem máscaras médicas para acompanharem o jogo.

Foto: Luiz Carlos da Cruz/UOL


Em outubro, o Rio de Janeiro foi escolhido como sede das Olimpíadas de 2016, vencendo na final Tóquio, Madri e Chicago. Como vimos, apesar dos problemas, os jogos aconteceram e tiveram um ótimo resultado esportivamente falando. No brasileirão, o Flamengo, comandado por Adriano e Petkovic foi campeão depois de uma arrancada no meio da competição e título no último jogo contra o Grêmio. De 2009 para cá, o Flamengo ainda não conseguiu emplacar uma campanha tão forte no brasileirão. Esse ano se assemelha bastante, inclusive.

Na Fórmula 1, nesse período, tivemos um tetracampeonato de Sebastian Vettel pela Red Bull, de 2010 até 2013, e agora um bicampeonato seguido, se encaminhando para tri, de Lewis Hamilton. Hegemonia total de Red Bull e depois Mercedes. Hegemonia tão grande que os dois venceram 69 das 115 provas disputadas até o fim da temporada 2015.


Nesse período sem vitórias brasileiras, sete anos exatos, tivemos até hoje um total de 133 corridas disputadas. Nessas 133 provas, tivemos como pilotos brasileiros nas pistas: Rubens Barrichello, Felipe Massa, Lucas di Grassi e Felipe Nasr. Os dois Felipes ainda seguem correndo. Além de Barrichello, que disputou até o final de 2009 uma temporada em nível maior, Massa foi o que chegou mais próximo de vencer provas nesse período. Correndo pela Ferrari e principalmente pela Williams, quando o time se reestruturou, teve algumas oportunidades de brigar pelo lugar mais alto do pódio. Porém, nos últimos dois anos não conseguiu render tanto ele quanto a própria equipe para que a vitória aparecesse.

Se formos falar no jejum de títulos, a fila brasileira é maior ainda na categoria. Esse ano completam-se 25 anos do tricampeonato de Ayrton Senna, em 1991.

Com a aposentadoria de Felipe Massa, ao final dessa temporada, não teremos mais um brasileiro em uma equipe de maior representatividade. Felipe Nasr, que está na Sauber, por enquanto não tem perspectivas de conseguir um carro mais competitivo. O problema se alastra mais ainda quando pensamos que a última vez que o país não teve um representante, pode acontecer em 2017 já que Nasr não está garantido na Sauber, foi na temporada de 1969. Fritz d'Orey correu até a temporada de 1959 e outro brasileiro voltou a correr pela F1 em 1970, com Emerson Fittipaldi. 

O problema da falta de vitórias não reflete apenas o retrato da qualidade dos brasileiros na Fórmula 1 ou a qualidade das equipes que eles estão ou estiveram nesses sete anos. O país vive uma crise no automobilismo, que vem se arrastando a alguns anos e prejudica a formação de novos talentos. A Fórmula 3 Sul-Americana acabou e virou Fórmula 3, apenas com pilotos brasileiros. Esta acaba sendo a única categoria de formação pós-kart que segue viva. Há a F4 Sul-Americana como substituta da antiga F3 como competição continental. Depois, os pilotos precisam ter dinheiro ou patrocinadores que invistam neles para já correrem em categorias europeias. É um salto muito grande e que poderia ser mais tranquilo caso houvesse um incentivo e uma formação maior por parte de quem é responsável pelo automobilismo brasileiro.

Muitos autódromos estão fechando ou foram demolidos, como no caso de Jacarepaguá, onde fica o atual Parque Olímpico no Rio de Janeiro. Isso também enfraquece a formação e manutenção de competições que revelariam talentos.

É bem provável que esse jejum se arraste por mais alguns anos pelo menos, e o país continue ouvindo o famoso tema da vitória apenas pelos players de música. Fica a nossa torcida e esperança de que essa realidade comece a mudar e o automobilismo seja tratado com mais seriedade.


Até mais!

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