terça-feira, 4 de agosto de 2015

Com organização, visibilidade e grandes nomes, MLS mostra ser mais do que um "mercado em expansão"



Por João Vitor Rezende

Drogba, o mais novo astro da MLS (Foto: AP)

Pirlo, Kaká, Lampard, Gerrard, David Villa, Robbie Keane, Giovani dos Santos, Oba Oba Martins, Dempsey, Giovinco. Recentemente, juntaram-se a eles Shaun Wright-Phillips, Drogba e Barnetta. Elenco digno de grandes ligas mundiais, mas em um local que até pouco tempo "não gostava de futebol".

Liga essa, que também revela jogadores para a sua seleção. Beckerman, Bradley, Kljestan, Altidore, Diskerud, Maurice Edu, Besler, Wondolowski, Feilhaber, Eddie Johnson, DaMarcus Beasley, Zusi, Omar Gonzalez, Nick Rimando, Jermaine Jones e Gyasi Zardes. Alguns dos jogadores que estão ou já representaram sua pátria em compromissos selecionáveis.

Outros jogadores, sem tanto renome, mas com passagens em times de centros considerados mais importantes, também compõem o grupo. Como os casos de Reo-Coker, Maloney, Donadel, Pogatetz, Maidana, Álvaro Saborio, Piatti, Iraola, Benóit Cheyrou, Gastón Fernandez, Pedro Morales, Juninho e Bradley Wright-Phillips.

Não falo de nenhuma grande liga europeia. Muito menos, sul-americana. E nem do crescente mercado asiático. A Major League Soccer (MLS) ganha cada vez mais espaço e visibilidade. Pelé no NY Cosmos e os vários craques que estiveram nos EUA nas décadas de 70, 80 e 90, plantaram a semente. Beckham, Blanco, Ljungberg, Henry, Robbie Keane (ainda em atividade) e Tim Cahill trouxeram a exposição que a liga desejava.

Dinheiro, outros lugares também têm. Oriente Médio e os petrodólares, China e Índia despontando com grana e público (muito público) e alguns países do Leste Europeu. Além das aquisições milionárias de grandes times europeus, como os casos de Manchester City, PSG, Monaco, e os mais recentes, Internazionale e Milan.

A maioria dos jogadores estrangeiros que chegam a MLS, tiveram seu auge na Europa, para depois, com mais idade, buscar mais tranquilidade e "novos desafios". Dempsey, Giovani dos Santos e Giovinco (este último, um dos maiores marcadores e passadores do atual campeonato), são algumas exceções à essa regra. Mas, o investimentos são regulamentados, ao avesso dos outros países citados acima.

Os times tem teto salarial, limite para transferências e jogadores estrangeiros, além de incentivo as categorias de base. Os clubes podem gastar 3.49 milhões de dólares por ano em salários, com 20 jogadores. Em média, 16200 dólares mensais para 18 jogadores. Os outros dois, são os designated players, que tem salários mais altos em relação ao piso. Para ter outro jogador acima do teto, o clube deve pagar 150 mil dólares para serem divididos entre os clubes que contam com apenas dois jogadores nesses moldes. A liga paga o teto para estes atletas. O excedente, é de responsabilidade dos clubes.

Outros oito jogadores, fora do limite salarial, fazem parte dos elencos. Podem ter, no máximo, 25 anos. Recebem por volta de 50 mil dólares anuais. Essa medida faz com que os times tenham que revelar jogadores, para completar seus plantéis. As janelas de transferências se limitam a duas, e os times com piores campanhas no ano anterior, tem prioridade para contratar jogadores considerados valiosos, que ficam numa lista determinada pela Major League Soccer. Os clubes ficam restritos a apenas um empréstimo, dentro. Como um todo, as regras permitem um equilíbrio no campeonato, a organização motiva os craques e estimulam os jovens jogadores, já que eles sabem que seu espaço está garantido em algum dos 20 clubes.

Por isso, a MLS é um sucesso de público. Mesmo com estádios de pequeno e médio porte, a média de torcedores por jogo em 2014 foi de 18.845 presentes. Oitavo lugar mundial. Bem a frente do Brasil, que ocupou o 15º lugar com 14.951 pagantes por jogo. Mesmo com nível técnico um pouco inferior, o campeonato norte-americano consegue ser mais atrativo para os adeptos do que o Brasileirão.

O que torna a MLS mais receptiva para o público do que o Brasileirão? E não pensem que os torcedores não são muito ligados ao clube. A torcida do Seattle Sounders é uma das mais fanáticas da liga, e passa a ser reconhecida futebolisticamente. Mesmo sem a tradição das ligas locais de outros esportes, como a NHL, NFL, MLB e NBA, aos poucos, a Major League vai buscando seu espaço. A expressão "mercado em expansão", tornou-se "mercado consolidado". Por essas e outras, cai por terra a afirmação "americano não gosta de futebol" ou "o futebol que eles gostam é outro". E quando eles gostam de algo, é difícil de segurar...

* Informações sobre regras da Major League Soccer: MLS Inside - ESPN
* Informações sobre média de público da Major League Soccer: Hora de SC

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