Salve Salve Nerds!
Hoje falaremos de um piloto que não foi campeão de nenhuma das principais categorias do automobilismo, mas que fez história e marcou muitos pilotos e envolvidos por onde ele correu. Traremos a história do piloto Gonzalo Rodriguez, apelidado de Gonchi, que recentemente teve um documentário lançado no Netflix sobre a sua vida nas pistas.
Gonzalo nasceu no Uruguai, em 1972, na cidade de Montevidéu. Desde novo, Gonchi gostava de velocidade, muito por influência do pai, que foi piloto também. Tentou o motociclismo por alguns anos, mas seguiu para o Kart com 13 anos. Venceu o campeonato uruguaio de Kart por três vezes, em 1985, 86 e 89. Em 1988 foi para o mundial de Kart, tendo feito a melhor volta da prova e sendo destaque, porém abandonou com problemas. Nessa mesma prova estavam Rubens Barrichello, David Coulthard e Giancarlo Fisichella, todos futuros pilotos da Fórmula 1.
Ainda no Uruguai, correu na Fórmula 4 uruguaia por algumas provas, vencendo duas e ficando em segundo em outras duas. Passou pela Fórmula 3 sul-americana e pelo campeonato uruguaio de turismo, onde foi campeão em 1991, igualando o feito do próprio pai, que havia sido campeão. Em 1992, foi para a Espanha buscando crescer na carreira pela Europa. Fez algumas provas e depois já estreou na Fórmula Renault, ficando em terceiro lugar com uma vitória. Gonchi era um tanto arrojado, então se envolvia em muitos acidentes, o que prejudicava resultados melhores. Era um Maldonado gente boa.
Andou ainda mais uma temporada na Fórmula Renault, ficando em terceiro novamente, e andou na Fórmula 3, no GP de Macau, o qual vários pilotos de várias categorias corriam, inclusive da Fórmula 1, mas não foi tão bem e até causou um acidente. Na F-3, sua glória ocorreu em Silverstone, quando venceu brilhantemente a corrida. Não conseguiu melhores resultados e em 1997 se encaminhou para a F-3000 europeia.
Sorrisão |
Correu um ano em uma equipe menor e não teve boas corridas. Em 1998, foi para a Astromega, uma equipe maior, onde ganhou em Mônaco com grande vantagem sobre o segundo colocado. Ganhou também em Spa-Francorchamps e Nurburgring, os outros circuitos da F1 na F-3000. Brigou pelo título com Nick Heidfeld, futuro F1, e Jason Watt.
Entre a Fórmula 1 e a CART, atual Indy, Gonzalo acabou recebendo antes a proposta da Penske para correr nos Estados Unidos duas provas. Teve dificuldades com o carro, para se adaptar, mas conseguiu um décimo segundo lugar e marcou um ponto na etapa de Belle Isle. Para a etapa seguinte, corrida em Laguna Seca. Desde os primeiros treinos, Gonchi reclamava dos freios e inclusive quase bateu em uma curva por falha deles. No treino de sábado, quando ia fazer a curva "Corkscrew", Gonchi não conseguiu controlar o carro sem freio e com o acelerador travado, escapando da pista, subindo um barranco e capotando violentamente. O carro terminou de cabeça para baixo e Gonchi não resistiu aos impactos do acidente na coluna, morrendo na hora.
A comoção foi enorme no Uruguai, com milhares de pessoas seguindo o carro fúnebre por Montevidéu. Ali morria a esperança uruguaia de sucesso novamente no automobilismo.
Documentário:
Gonzalo e a irmã, Nana - Foto via gonzalorodriguez.org |
O documentário sobre Gonzalo Rodriguez é incrível. Os familiares e amigos de infância dele relatam desde o começo de sua carreira até a sua morte, de como ele era muito alegre. A irmã e um amigo próximo são os que mais falam. A alegria de Gonchi era contagiante, até porque o sorriso dele era quase sempre presente.
Vários pilotos e dirigentes também participam, como Hélio Castroneves, que correu com Gonchi em algumas das categorias de base e na CART. Juan Pablo Montoya, um dos grandes amigos dele, também comenta por várias ocasiões. Ele havia pedido para que aparecesse outro piloto de ponta na CART, que andava um tanto carente de pilotos habilidosos, sendo assim que Gonchi foi chamado.
Uma triste coincidência é que Justin Wilson, falecido recentemente em uma prova da Indy, também aparece falando, e sobre o acidente.
Charlie Whiting, diretor de provas da Fórmula 1, também falou sobre Gonchi e de um episódio dos mais divertidos. No final do ano na Fórmula 3000, Gonchi foi premiado com um boné especial de piloto mais vezes advertido pelos comissários de prova. Ele fez piada e levou na brincadeira a premiação extra.
Christian Horner, que era piloto na época, também fala do estilo de corrida do uruguaio e do quanto ele marcou quem estava a sua volta com o carisma que tinha. E o próprio Gonchi aparece com falas de entrevistas, desde o começo, no Uruguai, até a CART, um dia antes do falecimento.
Enfim, é um belo documentário, que está disponível no Netflix e acredito que em breve deverá estar a venda. Confira o trailer abaixo:
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