quarta-feira, 8 de março de 2017

Entrevista - Tatiana Calderón



Foto: Divulgação/Tatiana Calderón

A Fórmula 1 ainda é um ambiente com poucas mulheres, especialmente como pilotas. A categoria já tem mais mulheres em cargos administrativos e funções de chefia, mas no centro das atenções, que é nos carros, há décadas não temos uma pilota disputando provas oficiais. Para esse ano, a equipe Sauber anunciou a contratação da colombiana Tatiana Calderón, que chega como pilota de desenvolvimento do time e tenta seu espaço para futuramente estar como pilota principal na F1. Tatiana fez carreira no kart e atualmente está na GP3, uma das bases para quem quer chegar na categoria maior dos monopostos. Abaixo, você confere uma entrevista com a Tatiana, que fala sobre a carreira, as dificuldades e o futuro nas pistas:

Como você começou no Kart e no automobilismo? Você teve uma razão em particular?

Eu sempre fui uma amante do esporte e quando eu tentei andar de kart em uma pista próxima de casa descobri minha paixão. Desde quando eu comecei a convencer meus pais a comprar um kart e isso é como tudo começou.

Como foi o apoio da sua família para a sua carreira?

O apoio da minha família foi sempre incondicional. Eles vem para algumas corridas para me apoiar e quando as coisas não vão do jeito certo eles estão sempre lá para me apoiar. Além disso, eles também me ajudaram financeiramente e sempre acreditaram em mim, em minhas capacidades e determinação. Sem eles eu não seria o que sou hoje.

Foto: Divulgação/Tatiana Calderón

Você teve uma grande carreira no kart, fez história nos Estados Unidos e começou nos carros de Fórmula. Qual é a dificuldade dos carros de Fórmula em relação aos karts?

O downforce faz uma grande diferença em como você sente a firmeza do carro no chão e a velocidade nas curvas. Você tem que acreditar que o carro estará o mais preso ao chão e acelerar para preservar a maior velocidade que você pode através das curvas, sem comprometer a saída delas. Nos carros de Fórmula o menu é muito mais complicado quando você tem mais variáveis adicionais, como a suspensão, que você não tem no kart, e o entendimento de como tudo funciona é a chave para ser capaz de encontrar o equilíbrio que você quer. É um mundo completamente diferente.

Na Fórmula 3, você teve contato com Max Verstappen, agora na Fórmula 1. Como foi a sua experiência com ele?

Eu respeito ele pelo que ele fez, é um grande piloto e espero poder compartilhar um lugar no grid novamente com ele na Fórmula 1.

Tatiana e o ídolo colombiano Montoya - Foto: Divulgação/ Tatiana Calderón

Você teve contato com Juan Pablo Montoya, o último piloto colombiano na F1?

Eu respeito muito a carreira do Juan Pablo Montoya. Ele é um grande piloto e também uma grande pessoa. Eu tive a chance de conhecer ele e compartilhar algumas boas experiências na corrida de caridade que ele faz na Colômbia no final do ano, para ajudar crianças no país. Ele me deu várias dicas e eu sou realmente grata por isso. Ele correu em quase todas as categorias e venceu nelas, então isso prova a velocidade natural que ele tem. Eu admiro o que ele conquistou.

Tivemos recentemente uma mulher pilotando para a Williams, a Susan Wolf, mas apenas correndo ocasionalmente, e Maria de Villota, com a Manor, que infelizmente sofreu um acidente quando corria pelo time. Você pensa que as mulheres podem ter mais espaço e confiança dos times para correr na Fórmula 1 como pilotas principais?

Eu penso que os times estão mudando definitivamente e você vê mais mulheres envolvidas em diferentes trabalhos na Fórmula 1 e a Sauber é um exemplo perfeito. Eles tem Monisha Kalterborn como chefe de equipe, Ruth Buscombe como estrategista, Marleen Seilheimer como diretora de comunicações e várias outras. Agora nós precisamos apenas uma pilota principal e espero poder provar o suficiente para merecer esse lugar.

Foto: Divulgação/Tatiana Calderón
Você já teve problemas por ser uma mulher no automobilismo ou hoje em dia as pessoas entendem melhor e veem que o automobilismo é para todos?

Eu tive vários problemas durante a minha carreira, porque sendo uma mulher você tem menos credibilidade, então toda vez que estou em um novo time eu tenho que provar para mim e também para os outros pilotos que eu estou lá para correr. Mas espero que agora, com tantas mulheres chegando no esporte, as coisas vão mudar e iremos ganhar o lugar que merecemos.

Você agora assinou com a Sauber para correr como pilota de desenvolvimento. Quais serão as suas atividades na equipe e você continuará na GP3?

Sim, agora eu sou pilota de desenvolvimento da Sauber F1, que significa que eu estarei com a equipe em algumas provas, aprendendo como um time de Fórmula 1 trabalha, entendendo melhor todos os controles do carro e como transmitir o que é mais importante de informações para a equipe. Além disso, eu terei algumas sessões no simulador com a equipe para continuar melhor meu processo de aprendizagem. Ao mesmo tempo eu continuarei com o meu programa de corrida na GP3, esse ano com a Dams, e a Sauber me apoiará para melhorar a minha performance de corrida. Tem um teste (treino livre) da Fórmula 1 que está na mesa, disponível, e eu vou trabalhar bastante para fazer isso acontecer.

Quais são as suas expectativas para essa temporada na Sauber?

As minhas expectativas são as de aprender o quanto eu puder. Você nunca imaginaria o quanto de informações eles tem, então aprendendo deles irá me ajudar também para melhorar minha performance nessa temporada da GP3 esse ano.

Foto: Divulgação/Tatiana Calderón
É uma opção para você correr em carros de turismo e outras categorias no futuro? Você já correu com a sua irmã em categorias assim, certo?

Sim, eu corria com ela na Colômbia, mas no momento eu tenho que focar na minha campanha na GP3 e a minha função como pilota de desenvolvimento na Sauber.

Qual a mensagem que você deixa para os meninos e meninas que querem começar uma carreira no automobilismo?

A mensagem que eu gostaria de deixar é que o trabalho duro compensa. Se você quer fazer algo você apenas tem que trabalhar para isso e tudo será possível. Seja paciente, vá passo por passo, não mude de categorias o tempo todo, apenas quando você é competitivo o suficiente você pode seguir em frente para outras categorias.

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