Por: João Vitor Rezende
Foto: Getty Images |
... E nem vai brigar pelo título da Libertadores. Antes de qualquer coisa, sou torcedor do São Paulo. Esse texto não vai se tratar de zoeira ou afogação de mágoa. Outra hora falo do Tricolor, pois acho que o problema que Aidar tem pra resolver é mais metódico do que qualquer outra coisa. A derrota de 3 a 0 para o Guarani no agregado, evidenciou fatos que vem acontecendo no Parque São Jorge. Alguns deles, que valem para a maioria dos grandes clubes brasileiros.
O alvinegro está pagando (literalmente e figurativamente) pelos prejuízos deixados pelo ex-presidente Mario Gobbi. Praticamente, um retrato do futebol brasileiro. A má gestão econômica é frequente em quase todos os times do país. Pra piorar, a arrecadação com patrocínios se torna cada vez mais difícil. Atrasos nos direitos de imagem, Arena Corinthians e a renovação de Guerrero são algumas das pendências que caíram no colo de Roberto de Andrade.
Adenor Bachi é o menos culpado. Começou muito bem, mas parece ter perdido força. Até a eliminação no Paulistão contra o Palmeiras e a derrota contra o São Paulo na última rodada da primeira fase da Libertadores, o time estava bem e invicto no ano. Posso até estar errado, mas creio que Tite não deveria ter voltado ao Corinthians. Muitos jogadores que estiveram no ciclo vencedor do técnico, ainda estão no elenco. Dessa vez, com um ambiente bem mais conturbado. O treinador sozinho, não resolve. Mas, como estamos no futebol brasileiro, logo o trabalho de Tite será contestado.
Os jogadores sempre afirmam que os acontecimentos fora de campo não afetam o rendimento. Mas, pra um time que começou em um ritmo tão superior aos demais, essa é uma das hipóteses a serem levantadas. Por que destoou tão rápido? Talvez pelo ritmo exigido logo no início da temporada, tendo que, logo no primeiro mês da temporada, decidir vaga na fase de grupos da Libertadores.
Sete jogadores do plantel campeão mundial em 2012 ainda estão no clube. Cássio, Fábio Santos, Felipe, Ralf, Danilo, Emerson e Guerrero. Todos os citados são peças importantes no time. Agora, estão 3 anos mais velhos. O que faz diferença, principalmente para Fábio Santos, Ralf, Danilo e Emerson.
Onde eu quero chegar com isso? Três anos mais novos, com um técnico muito superior, embalados pela conquista do Brasileirão no ano anterior e com um ambiente mais tranquilo. Aí fica bem mais fácil. O elenco do Corinthians não é a máquina que muitos afirmavam. Não tem time pra jogar Champions League, como um certo comentarista cravou (pra quem não sabe, clique aqui). E muito menos pra ser campeão da Libertadores.
A defesa é fraca. Apenas Gil se sobressai. Cássio é um bom goleiro, e só. Nada de nível de seleção brasileira, monstro, goleiraço. Bom goleiro, apenas. Fábio Santos e Fagner são considerados aceitáveis apenas pelo nível baixo dos laterais em quase todos os times no Brasil. Felipe tem evoluído, mas ainda precisa de tempo e paciência.
O meio-campo é a melhor parte do time. Tem bons nomes como Elias, Jadson e Renato Augusto. Ralf, agora com 31 anos, não vai atuar em um grande clube europeu, como muitos afirmavam. E nunca fez por onde para tal feito. É um bom marcador, mas o futebol de hoje exige muito mais do que isso. O volante do alvinegro não tem um bom passe. Tanto que Tite o recuou depois do intervalo, por não ter função em campo já que o Guarani não atacava com muita frequência. Danilo é o coringa do banco, que na maioria das vezes resolve. Na última partida, não resolveu.
O ataque depende muito de Guerrero, que tem a sua permanência cada vez mais complicada. Vagner Love chegou, mas não tem feito boas atuações. Malcom e Luciano são muito novos e ainda sentem o peso das decisões. Mendoza tem velocidade e... só. Angel Romero não justificou a pompa de sua contratação. Emerson envelheceu, mas o comportamento ainda deixa a desejar.
Por fim, não dá pra tirar o mérito do Guarani. A equipe teve ciência que é inferior ao Corinthians e jogou com uma proposta defensiva. Que deu certo. Nem sempre, fechar o time é consequentemente chamar gol. Mesmo com as boas chances que os donos da casa tiveram no primeiro tempo, os visitantes continuaram desempenhando bem o seu papel. O gol de Fernández, já nos acréscimos da segunda etapa, coroou a bela atuação dos paraguaios.
Nisso, o Corinthians não é exceção. Os times brasileiros não conseguem jogar bem contra adversários muito fechados. Vide Galo, contra o Raja Casablanca no Mundial de 2013. Vide São Paulo, contra o Danubio, já eliminado no jogo da volta. E com dois a menos, a missão ficou quase que impossível.
Não dá pra chorar as pitangas. Já tem o Campeonato Brasileiro no fim de semana. Os dois eliminados da noite de quarta têm a vantagem de não precisarem poupar jogadores para o torneio nacional. É a chance de salvar a temporada. Para o Corinthians, é mais que isso. É hora de se reencontrar. Mostrar pra sua fiel torcida, que não arredou o pé do Itaquerão até o fim do jogo, que o bando de loucos pode ser feliz de novo.
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